quarta-feira, 20 de junho de 2012

5.ª edição da Feira Medieval de Linda a Velha




O Agrupamento 626 do Corpo Nacional de Escutas, em parceria com a Associação Companhia Livre e a Junta de Freguesia de Linda-a-Velha, irá organizar e dinamizar a 5.ª edição da Feira Medieval, nos próximos dias 23 e 24 de junho 2012.

Esta atividade insere-se no Programa de Atividades Comemorativo do 19.º Aniversário da Freguesia. A decorrer no Palácio dos Aciprestes, o evento estará aberto a toda a população, recriando uma feira da época medieval, onde para além das comidas e bebidas, da venda de produtos e de muita animação, haverá lugar a várias representações históricas.



O preço da entrada será de 1,50 €, com direito a uma caneca de barro. A entrada será gratuita para crianças com idades até aos 6 anos.

Programa

Sábado 23 Junho

16h - Início do Cortejo
17h - Abertura
24h - Encerramento

Domingo 24 Junho

11h - Abertura
20h - Encerramento


Aceite o Convite e Venha recriar a Idade Média
Um dia na Vida de Antão Vasques de Almada

Localização: Palácio dos Aciprestes - Linda-a-Velha

Propõe fazer-se uma recriação histórica em volta de 1384 e de um dia na vida de Antão Vasques de Almada, com trajes à época. Algumas atividades previstas: demonstração de mesteres e profissões de então, jogos medievais, rábulas, tiro com arco e workshop de catapultas.

Quem foi Antão Vasques de Almada personagem homenageada na Feira Medieval de Linda a Velha


Aljubarrota 14 de Agosto de 1385

"O exército português muda assim a sua posição uns 2Km para Sul, de forma a encarar o inimigo de frente, tal como um forcado quando enfrenta o touro. A "vanguarda" passa assim pela "rectaguarda", e quando estas duas se encontram, distribuem-se abraços entre os portugueses, muitos deles são conhecidos e familiares, desejos de "Boa Sorte" e "São Jorge", já uma clara influência da presença dos arqueiros ingleses na hoste.
Também Nuno Álvares e Dom João I se encontram, trocam rápidas impressões, e despedem-se, com a certeza de que se voltariam a encontrar mais tarde, se Deus assim permitisse.

Por volta do 12h30, os portugueses ocupam a nova posição, perante um forte sol de meio-dia que se levanta, e sempre atentos, ao longe, à movimentação do inimigo.

Agora, sob a orientação de Nuno Álvares Pereira, Antão Vasques de Almada, Mem Rodrigues de Vasconcelos e alguns ingleses dava-se inicío às escavações e construção de obstáculos, tarefa em que participaram todos os portugueses que estavam nas linhas da frente e alas. Abrem-se covas de lobo, fossas, amontoam-se troncos de árvores, disfarça-se os buracos com ramagens.

Eram 15:00 quando o quadrado se formou finalmente.
Na vanguarda estava Nuno Álvares Pereira com a sua Bandeira,
Na ala esquerda, chamada a Ala dos Namorados comandada por Mem Rodrigues de Vasconcelos estava uma enorme bandeira verde.
Na ala direita, a Ala da Madre-Silva, era comandada por Antão Vasques de Almada, pairava a bandeira de São Jorge.
A cerca de 200 metros atrás estava El-Rey Dom João I, na rectaguarda, com o seu estandarte real e as bandeiras de Avis.

Percorrendo a galope a vanguarda de um lado ao outro viu na cara dos seus homens, a sua própria sede, e decidido, foi até à ala direita, incumbindo Antão Vasques de Almada que fosse procurar àgua para os seus homens.

E assim foi.

Entretanto, no arraial castelhano, lá ao longe, discutia-se como se iria esmagar os portugueses. Continuavam a chegar mais tropas, cada vez mais, num turbilhão de lanças, espadas, cavalos, peões,
Parecia que toda a Espanha viera até ali, trazendo nos seus estandartes, a morte estampada.

Eis então que chega Antão Vasques de Almada a toda a brida.
Vai ter com o Condestável.
Nada.
Nem uma gota de água.
Os únicos riachos que encontrou estavam completamente secos, devido às altas temperaturas que assolavam esta época.

Quando isto ouviu, Nuno Álvares baixou tristemente a cabeça.
Anuiu a Antão Vasques para que se retirasse, e desmontando do seu cavalo, voltou para o pé da sua vanguarda, retirando o pesado elmo que levava sobre a sua cabeça.
Aos que mais sofriam com o calor e sede, Nuno Álvares confortou, abraçando-os, transmitindo palavras de esperança, ajudando-os a levantar, e compondo as suas vestes. Já apeado, andava pelo meio dos seus homens, que o olhavam com um misto de admiração e surpresa, por ver tão famoso e insigne capitão, partilhando a sua dor.

Também já Dom João I estava apeado, e tal como o seu amigo, ia percorrendo as fileiras, onde a todos distríbuía sorrisos e palavras de incentivo. Valoroso Rei aquele, a quem haveriam de chamar O de Boa Memória.

E era de notar, que também nas alas, os Ingleses permaneciam aí, partilhando laços de camaradagem cada vez mais fortes com os seus companheiros portugueses, laços esses que só são verdadeiramente "fortificados" em situações de sofrimento ou de guerra.

Estava-se a aproximar as 18:00, e grande era a azáfama e movimento de cavalos e homens entre o arraial castelhano. Era a momento em que se iria decidir o destino de Portugal.

É então que, verdade ou lenda, um rapaz aparece de repente vindo das florestas que rodeavam o campo e dirige-se até ao quadrado português.
Aí aguarda, observa, e é então que consegue ver o célebre estandarte do Condestável na frente do quadrado.
Dirige-se até aí e vai ter com Nuno Álvares Pereira. Entrega-lhe uma bilha cheia de água, para poder saciar a sua sede.
Só pode ter sido um sinal de Deus!
Um sinal de São Jorge!
Nuno Álvares apenas bebe um golo, entregando a bilha aos seus companheiros para que partilhassem a água por aqueles que mais precisassem.

Sentindo-se um pouco melhor, Nuno Álvares Pereira monta no seu cavalo.
Apenas ele.
Percorre a vanguarda a galope, gritando palavras de incentivo, com a sua espada na mão, tal como no monumento da Batalha.
"Portugueses, lutai por vossa terra!"
"Ânimo!"
"Se sóis vós descendentes do grande Henriques, então provai-lo agora, que Deus e São Jorge estão de olho em vôs!"
As palavras de Nuno Álvares, tão cheias de patriotismo e ardor, incendeiam no coração dos Portugueses a vontade e a força, fazendo chorar até os mais fortes.
Não querendo nenhum deles passar por cobarde, cerram fileiras, espetam as lanças no chão e aguardam a vinda da morte.
Nuno Álvares, desce do cavalo, ajoelha-se no chão, pede protecção para si e para os seus homens, beija a terra e levanta-se, colocando o elmo com a viseira aberta.

Vira-se para trás, de sorriso no rosto, olha para os seus homens e diz:
"Amigos, que ninguém duvide de mim"

Todos sabem o que se seguiu.
Após a vitória, Dom Nuno Álvares Pereira mandou edificar naquele mesmo sitío onde lhe apareceu o rapaz com a bilha de água e onde tinha permanecido o seu estandarte, uma ermida a São Jorge.


Escudo da família "Almada"


Antão Vasques de Almada ou António Vasques de Almada[1] foi um dos mais valentes partidários de Portugal e do mestre de Avis.

Em carta datada de 26 de Agosto de 1386, do Arcebispo de Braga, Dr. Lourenço, dirigida a Dr. João de Ornelas, Abade de Alcobaça, encontram-se relatados alguns episódios da Batalha de Aljubarrota, mencionando-o a ele e ao seu irmão João Vasques de Almada.

O historiador Joaquim Freire, em "fronteiras de Portugal", conta que foi um dos vinte e nove heróis que falando rosto a rosto, com o Mestre de Avis, ofereceu-se para ir a luta. Ainda segundo o mesmo, diz que além de ter sido armado Cavalheiro na própria batalha, foi o comandante da ala esquerda (a ala da Madre-Silva), com duzentas lanças e cem besteiros e um dos que mais concorreram para a derrota dos Castelhanos, tendo tido o feito de tomar a bandeira do inimigo (do Reino de Castela).

Oliveira Martins, na vida de Nuno Álvares referindo-se aos despojos da batalha, diz mas nenhum encheu de maior alegria o Rei, do que a bandeira de Castela, verde com o dragão bordado, que Antão Vasques de Almada trazia aos ombros, vestido com ela, a dançar. Dizendo-lhe: -Tomai Senhor, essa bandeira do maior inimigo que no mundo e afastando-se bailando, à luz dos archotes, entre fortes gargalhadas dos guerreiros contentes.



Na Crónica do Contestável de Portugal Dr. Nuno Alvares Pereira, quando conta que tendo Rei mandado o contestável juntar gente para a Batalha de Aljubarrota este passou pelo Porto de Muja tendo-o abandonado a maior parte dos homens que levava temor para os Castelhanos que estavam em Santarém. Antão Vasques de Almada um dos que ficou aquela noite nunca dormiu, guardando a ponte de Muja e dizendo que todo os Castelhanos de Santarém viessem que ele os defenderia. Ele era homem de solta palavra e porem asas valente.

No Portugal Histórico Dinastia de Avis de Fernando Mendes lê-se a respeito das campanhas que se seguiram à Batalha de Aljubarrota Antão Vasques de Almada, num ímpeto patriótico, resolveu-se a combater sob a bandeira de Nuno Álvares Pereira e saiu de Lisboa à procura dele, do contestável. Sabendo em Estremoz que ele havia partido, reúne uns quatrocentos homens e entra com eles em Castela. A sua ação foi prodigia castelos e vilas caíram em seu poder pondo algumas destas a resgate. Na volta, soube que uns oitocentos castelhanos haviam se fortificado num monte, a fim de lhe cortarem a retirada. Antão Vasques de Almada, por despeito da vantajosa posição do inimigo e da inferioridade numérica dos valentes que os acompanhavam na marcha sobre os castelhanos, desaloja-os e toma serenamente o caminho de Portugal, trazendo consigo cinco mil vacas, mil porcos e mil ovelhas que lá apreendera.

No Mobiliário de Famílias de Portugal de Felgueiras Gaio, tomo, edição de Agostinho de Azevedo Meireles e Domingos de Araújo Afonso (1938), faz parte da Relação dos Fidalgos que o Rei João I armou Cavalheiros antes de entrarem na Batalha de Aljubarrota, pela sua própria mão como consta das memórias para a História de Portugal, que compreende o governo do dito Rei João I: João Vasques de Almada; Rui Vasques de Castelo Branco; Afonso Pires da Charneca, irmão do Dr. Martim Afonso Charneca que foi Bispo de Coimbra e arcebispo de Braga [2] [3]e o nosso Antão Vasques de Almada, que outros dizem de Lisboa.

Na Monarquia Luzitana de Manuel dos Santos lê-se, a propósito da Batalha de Aljubarrota, na descrição da formatura do exército português na ala esquerda, que sabia da outra parte oposta, puseram outras duzentas lanças em que entravam alguns ingleses auxiliares, mandados da Inglaterra pelos embaixadores que estavam em Londres; sua bandeira a de Sr Jorge; e seus Capitões Antão Vasques de Almada, João Monferrara e Martins Paulo, os fidalgos e escudeiros de nome que eram presentes no exército, e ganharam com Rei esta batalha de tanta glória foram O Arcebispo Primaz Dr. Lourenço Vicente, o Contestável Dr. Nuno Alvares Pereira, Diogo Lopes Pacheco, o Dr. João das Regras, o Dr. Gil Docena, o Dr. Martim Afonso da Charneca, estes já eram armados Cavalheiros; os seguintes eram escudeiros João Vasques de Almada, Antão Vasques de Almada, Rui Brás de Castelo Branco e Afonso Pires da Charneca.

No mesmo livro, cap. XXXIII pg. 701 - notícia das pessoas Eclesiásticas e Seculares, que foram presentes nas Côrtes acima de Coimbra, diz: - Antão Vasques de Almada, Alcaide Mór de Lisboa, neste tempo das Cortes, e cavaleiro valoroso desta ilustre família.

Sobre Antão Vasques de Almada, além das obras acima citadas, ver também "Dicionário Popular" de Manuel Pinheiro Chagas, tomo 3º pg. 107; colecção "Portugal Histórico" - Dinastia de Avis - de Fernando Mendes; "Auto de Aljubarrota" de Ramiro de Campos




    1- Soveral, Manuel Abranches de; seu verbete na Roglo «Antão Vasques (de Almada)», visitado em 11/03/2012
    2- Nobiliário das Famílias de Portugal, Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. IV-pg. 245 (Castros) e vol. VII-pg. 397.
    3- Pedatura Lusitana - 6 vols. Cristovão Alão de Morais, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1997. vol. III-pg.   73.

1 comentário:

  1. a única questão desta publicação encontra-se na foto que aparece por baixo da frase "..haverá lugar a várias representações históricas..", sendo esta foto de um grupo de recriação diferente do que realmente esteve e muito bem na dita feira. deveriam a meu ver usar imagem do grupo que realmente lá esteve a recriar.

    cumprimentos

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