Diz assim a obra acima :
"São também 7, os “moçoilos” que em Maio de 1822, no Vale Bucólico do J(amor)*, em perseguição de um coelho, descobriram uma gruta, cavidade dentro da rocha calcária, com muitos ossos humanos e um altar com uma imagem de Nossa Senhora com o manto muito desmaiado e “debruado de espiguilha de prata”. À aparição seguiram-se os milagres, criou-se um culto, estabeleceu-se uma romaria, e ficou o santuário erigido no sítio conhecido como Senhora da Rocha“(...) Um dos gaiatos, o mais pequeno, conseguiu entrar, e ao ver que se tratava de uma gruta, grande, chamou os outros. Uma vez entrados todos, viram no chão uma laje e quando conseguiram erguê-la, a muito custo, descobriram duas caveiras, ossos humanos (...)” Nossa Senhora da Conceição da Rocha de Carnaxide |
“Esse Templo que alveja sobre a rocha na margem do Jamor
Tem por baixo uma gruta escura e fria
Onde uns moços da aldeia, acaso, um dia,
Encontraram a Mãe do Salvador”
Está situada esta gruta proximo da povoação e é cavada em uma rocha banhada pelo rio Jamor. A gruta é quasi oval e póde conter umas 80 pessoas. Tem 28 palmos de comprido e 24 de largo. Toda a rocha é de pedra liós.
Na manhã do dia 28 de maio de 1822, andavam uns rapazes a brincar nas margens do Jamor, em um casal chamado da Rocha (por causa da penedia que alli se levanta junto ao rio). Por junto d’elles passou um coelho, que se introduziu por entre as fendas do rochedo.
Os rapazes, com o desejo de apanharem o coelho, metteram, a muito custo, pela mesma fenda uma cadella, mas sem resultado.
Então elles foram ao casal buscar uma lanterna e ferramenta, e, depois de muito trabalho, conseguiram entrar de gatas em uma concavidade. Entram a procurar o coelho; mas acharam duas caveiras e varios ossos humanos espalhados pela gruta, agarrando por fim o coelho que estava cosido com a parede.
Divulgada a descoberta da gruta, concorreu alli muita gente a ver esta curiosidade.
No dia 31 do mesmo mez de maio, indo alli Manuel Placido, natural de Carnaxide, descobriu sobre umas pedras a imagem da Senhora, feita de barro e com um manto de seda muito velho.
N’essa noite, ou no dia seguinte, foi roubada a imagem. Procedeu-se a uma devassa, e depois de muitas diligencias baldadas, appareceu a Senhora, a 4 de junho, sobre uma oliveira, a pouca distancia da gruta.
Per ordem da auctoridade foi levada a imagem para a gruta, e ali alumiada e guardada.
Concorreu então á gruta uma grande multidão de gente de todas as classes da sociedade, não só dos arredores e de Lisboa, mas de toda a Extremadura.
Em breve a oliveira desappareceu até á sua ultima raiz, para reliquias, e a gruta se encheu de offerendas dos devotos, em joias, cêra e dinheiro, chegando este em pouco tempo a 2:000$000 réis.
História (Carnaxidedigital)
Tudo começa em Maio de 1822, mais concretamente no dia 28, quando um grupo de rapazes que brincava na margem direita do rio Jamor - nessa época um canal navegável e de águas límpidas; junto ao Casal da Rocha, avista um melro e segundo a história ao tentarem apanhá-lo encontram um coelho que rápidamente passa então a ser perseguido.
Para tentarem apanhar o coelho, desobstruíram um buraco e, à medida que iam entrando, constataram que se tratava de uma gruta funerária com vestígios de ossadas humanas e lá encontraram, 3 dias depois, a 31 de Maio de 1822, uma pequenina Imagem reconhecida como sendo de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, ao que o povo acrescentou »da Rocha« por referência ao local.
A descoberta foi rápidamente divulgada e muita gente acorreu a ver a tal gruta e a prestar culto à Imagem encontrada.
Nessa altura, o nosso país encontrava-se numa situação económica e social grave e havia já várias décadas que se prolongavam os sofrimentos e infortúnios dos portugueses, pelo que, neste contexto, a Imagem de Nossa Senhora aparecida na Gruta da Rocha constituiu um sinal de esperança, aqui crescendo, em número e devoção, as preces dos portugueses à Protectora e Padroeira do Reino.
O rei D. João VI, por achar o lugar menos próprio para nele se efectuar o culto público à Imagem, mandou trasladar a mesma para a Sé Patriarcal de Lisboa, ainda nesse mesmo ano, onde se manteve durante 61 anos.
Multidão a apanhar as camionetas da VIMECA para as festas de Lenda de Nossa Senhora da Conceição da Rocha de Carnaxide em 1950 |
Com os seus esforços, conseguiu devolver a Imagem ao povo desta zona, tendo ocorrido a sua trasladação da Sé Patriarcal de Lisboa para a Igreja Paroquial de São Romão de Carnaxide em 1883, onde veio a permanecer durante 10 anos até à conclusão da construção do Santuário. O santuário cujo projecto é da autoria do arquitecto José da Costa Sequeira (sobrinho do grande pintor Domingos António de Sequeira) foi edificado entre 1830 e 1892, tendo sido inaugurado em 1893 - tem capacidade para 150 pessoas sentadas. No dia da trasladação a Praia da Cruz Quebrada foi palco do desembarque da imagem que seguiu em procissão até Carnaxide. Finalmente, em 1893, concluiu-se a construção do Santuário de Nossa Senhora da Conceição da Rocha (o altar-mor situa-se por cima da gruta onde foi encontrada a Imagem), tendo sido para aí trasladada definitivamente a Imagem, numa cerimónia religiosa imponente, a qual contou com a presença da rainha D. Amélia, dos príncipes D. Luiz Filipe e D. Manuel, do Dr. Hintze Ribeiro (Presidente do Conselho) e mais entidades de relevo. Actualmente a imagem encontra-se exposta numa peanha, na zona do altar-mor do Santuário. A gruta que se encontra por debaixo do Santuário, está aberta ao público durante as festividades anuais, fazendo-se a entrada por uma modesta porta lateral que não deixa antever o seu interior - uma gruta do período terciário. O Santuário da Rocha é um dos santuários marianos mais visitados da região de Lisboa e todos anos em Maio organiza festejos comemorativos da aparição, onde acorrem muitos devotos e visitantes. O Santuário em termos de divisão administrativa da Igreja católica inclui-se na Paróquia de São Romão de Carnaxide, embora goze de autonomia e reporte directamente ao Cardeal-Patriarca de Lisboa. Cabe á Irmandade de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, a responsabilidade de gestão do património. Em termos de divisão administrativa do território nacional está geográficamente situado no actual concelho de Queijas, mas por tradição permanecerá sempre ligado a Carnaxide. O Santuário está classificado como imóvel de valor concelhio, pelo Edital nº 184/2004 (2ª série), publicado no Diário da República, Nº 67, II Série, 19 de Março de 2004. |
Há mais ou menos 30 anos,o Jornal'O Século' publicou durante algum tempo,*Lendas da Nossa Terra*
ResponderEliminarLi e recortei do jornal muitas narrativas de lendas.
Uma delas que despertou mais interesse e admiração foi,*A Lenda da Nossa Senhora da Rocha*, de vez enquanto recordo esta Lenda,já a contei várias vezes,aos meus filhos e agora aos netos! No entanto permanece sempre um enigma por esclarecer,quem foi que escondeu naquela gruta as ossadas e porquê?!...
Moro em Carnaxide desde 01/01/1972
Afonso Santos