Montagem comparativa das Portas de Benfica (à esquerda) e das Portas de Algés (direita), como podem ver os edifícios apresentam traças iguais e são exactamente da mesma altura |
Há 100 anos atrás, quando alguém chegava ao concelho de Lisboa encontrava uma cidade murada por perto de 20km de muralha. Para entrar na cidade havia "apenas" 26 portas. Cada uma delas funcionava como posto fiscal e delegação das alfândegas de Lisboa.
Em 1885 Lisboa sofreu nova reestruturação administrativa, desta feita com a inclusão no respectivo concelho de algumas das freguesias que em meados do século tinha perdido para Belém e Olivais. Nesse ano é definida nova circunvalação e após algumas hesitações legislativas a cidade cresce até aos limites actuais. É também nesse ano que começa a construção das várias portas e vários troços de muro.
Meio século passado, em 1922 os limites fiscais do concelho de Lisboa são abolidos pela lei nº 1368, esvaziando os edifícios da sua função. O crescimento urbano destroi praticamente todas essas estruturas, restando apenas as Portas de Benfica, e pequenos troços de "muralha" nos locais mais inacessíveis.
As várias portas deviam ter tido construções e arquitecturas diversificadas, no entanto existiram mais duas com afinidades morfológicas com as de Benfica: as Portas de Algés e da Calçada de Carriche, hoje em dia completamente demolidas.
As Portas de Benfica foram dos poucos edifícios que sobreviveram à urbanização desenfreada e desorganizada da zona envolvente. Em 1996 estavam quase em ruínas como propriedade do Ministério das Finanças. A 7 de Dezembro de 1996 começaram as obras de recuperação do edifício.
Depois das obras estarem concluídas, no edifício sul das Portas de Benfica instalaram-se a Orquestra Ligeira de Benfica e a sede da Associação da Comunidade de São Tomé e Príncipe. No edifício norte funciona desde 2001 o Centro de Informação "Em Cada Rosto Igualdade" (inicialmente a cargo da Organização Internacional para as Migrações e, actualmente, da Junta de Freguesia de Benfica).
As Portas de Carriche
Às portas de Carriche e ao longo da Estrada Nacional n.º 8. estende-se o casario de Olival Basto, cujo nome deve aos ricos olivais que aqui existiram e dos quais restam algumas centenas de oliveiras, na encosta que vai do Senhor Roubado até ao Vale do Forno. Provenientes de todos os lados, os "malteses", homens e mulheres, vinham para a apanha da azeitona, aos quais na época se dava o nome de "malteses".
Para quem se dirige a Lisboa, esta é uma das entradas e aqui existem algumas construções, restos de um pequeno núcleo que se formou, provavelmente, junto ao posto de cobranças das antigas portagens (constituídas entre 1900 e 1902, eram a última fronteira para demarcar o Concelho de Loures). Para transpô-las era necessário pagar uma taxa que vigorou até 1930, sensivelmente. Pelas encostas, à esquerda e à direita, as muralhas do século XIX assinalam os limites de Lisboa. O traçado das modernas vias sacrificou alguns antigos edifícios deste núcleo e as primeiras casas das antigas vilas.
Situado na fronteira de dois concelhos, foi o local escolhido para estação de muda - a Malaposta. A diligência que transportava o correio parava aqui para descanso do pessoal e muda dos animais que a puxavam. Os novos cavalos atrelados à diligência, por estarem folgados, garantiam a velocidade que se desejava, para uma comunicação rápida.
Após ligeiras obras de adaptação, o edifício da Malaposta passou, mais tarde, a matadouro municipal. Após o seu encerramento, o edifício ficou votado ao abandono, por largos anos, o que o degradou bastante.
Tem a certeza que existiu aqui uma estação de Mala-posta? Onde se localizava? Não será apenas uma lenda?
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