sábado, 27 de maio de 2017

Rua Latino Coelho nº 3 em Algés







 Já com toda a certeza muitos algesinos se interrogaram quanto ao passado deste imóvel degradado na Rua Latino Coelho em Algés, após recepção de dois emails gentilmente enviados pelo nosso caro amigo e leitor João Sant'Ana, ficámos a saber a sua história

 Este tipo de informação é para nós de grande importância e ficamos assim a saber um pouco mais de um dos imóveis originais do antigo Bairro Soares, que, como podem verificar nas fotografias que o João Sant'Ana nos enviou eram praticamente todos de um piso e dos quais sobram muito poucos com a configuração original.



Que eu saiba serão apenas quatro em toda a zona que englobava o antigo Bairro Soares, mais este ao qual foi adicionado um andar, este património marca uma época de mudança em Algés com a sua primeira urbanização em lotes e seria sem dúvida importante que, alguém nos meandros oeirenses se importa-se em preservar estas pérolas arquitectónicas "semí-saloias" que marcam a passagem de um passado rural para um futuro urbano no início do século XX.



Passo a transcrever as linhas enviadas pelo João Sant'Ana:

-"Existe um prédio na Rua Latino Coelho nº 3, que se encontra em estado total de chocante degradação, fundamentalmente para mim.
 Nasci nesse imóvel em 1941, assistido por uma parteira muito conhecida em Algés (morava na Av dos Combatentes, entre a R. António Granjo e a Latino Coelho) e que se chamava D.Cesaltina.
 Essa vivenda foi mandada construir por meu avô em 1936, mais tarde, em 1947, o meu pai mandou construir mais um piso, e assim ficou uma moradia bi-familiar.
 Em 1964/5, meu pai teve que negociar a casa, por motivos particulares, tendo sido ela comprada pelo Dr. Arlindo Vicente (antigo candidato à Presidência da República nos finais da época do Salazar). Casei-me em 1965 continuando a morar no r/c , agora como inquilino.
 Saí dela em Novembro de 1967 devido às inundações (cerca de 1,5 mts de agua e lama entraram pela casa dentro destruindo a totalidade dos meus haveres. Felizmente nem a minha mulher e meu filho se encontravam em Lisboa e eu andava na minha vida profissional, embarcado no navio São Thomé da CNN. Naquele dia fatídico, estava a navegar na zona das Ilhas Canárias, rumo a Portugal, mas sofri na pele as consequências desse fenómeno natural.
 Apesar dessa casa ter-me dado gratas recordações desde a minha meninice até ao inicio em que constitui família em 1965, faz-me pena ver o estado ruinoso e abandonado, como ela se encontra agora. Muito sinceramente gostaria de ver o seu "abate"."



 Tentei no entretanto recolher mais dados quanto às razões do seu estado de pré ruína mas nada de novo surgiu, apenas que o imóvel atingiu este estado de degradação devido a problemas com a herança do Dr. Arlindo Vicente e assim continua um pouco mais perto da ruína todos os dias.







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