sábado, 26 de fevereiro de 2011

A nova Igreja de Miraflores um projecto no minimo polémico

"Compreender a geometria sagrada e o lado simbólico da relação entre o templo e as pessoas" foi a motivação que levou o arquitecto Troufa Real a aceitar o convite da Câmara de Oeiras para projectar a nova Igreja de Miraflores. A primeira pedra foi lançada em 2002, numa cerimónia que contou com a presença de Isaltino Morais na altura Ministro das Cidades, do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, e da presidente da autarquia e o projecto deveria ter sido terminado em 2005, devido a diversos contratempos nunca devidamente explicados aos moradores o projecto apenas foi avante em 2007, quatro anos depois o edifício continua por terminar.

Fizeram-se rumores de um possivel embargo á Igreja, que teria havido uma ordem do tribunal para o parar das obras, sobre esta questão publico aqui a carta enviada ao Municipio por um Miraflorense de gema preocupado com a questão e a resposta do municipio

"Meu caro Presidente,
Gostava de lhe perguntar o que tenciona a CMO, fazer quanto esqueleto da nova igreja? Será que vamos ter ali mais um mal fadado esqueleto durante 20 anos, tal como aconteceu com o aparthotel?
Estranho muito que tendo a CMO, participado nos custos da forma generosa que fêz, não se tenha assegurado de que os organizadores do projecto ofereciam garantias que permitissem assegurar a conclusão da obra.
Lamento a opção pelo projecto com o aspecto fálico e mégalómano de gosto duvidoso, mas isso já esta. E agora que vejo o desmanchar do estaleiro porque obviamente não ha dinheiro para a obra, pergunto se não era oportuno a tomada de posse administrativa por parte da CMO, que se encarregava de demolir a inultil extrutura e permitisse a conclusão de forma racional o empreendimento que como esta não tem qualquer utilidade.
Com consideração
Nuno Picardo"

Resposta da CMO

Na sequência da sua exposição/reclamação, venho esclarecer que a obra a que se refere não se encontra embargada nem foi objecto de qualquer suspensão imputável à edilidade. De facto, compreende-se a sua perplexidade quanto à situação existente, que em nada abona a favor da vivência local e que de certa forma reflecte o descontentamento dos fregueses, contudo, a mesma deve-se a uma pausa imposta pelo promotor e projectistas com vista a ultrapassar todo um conjunto de problemas de natureza técnica/programática bem como de opções encabeçadas pelo dono da obra com vista à redução dos encargos financeiros da operação. A Câmara Municipal, como parte interessada e comparticipante neste processo, tem reunido com as partes interessadas (Dono da Obra/projectistas/empresa construtora) no sentido de serem ultrapassados os vários aspectos técnicos que estão em causa, perspectivando-se para breve um entendimento entre as partes envolvidas, importando esclarecer que a paragem da obra não se deve à falta de financiamento.

Com os melhores cumprimentos,
IM


O templo deverá atingir os 13 ou 14 andares. A parte mais alta medirá 30 metros de altura, mas com a cruz atingirá os 35 metros.
Inspirado pela "arquitectura do fantástico", Troufa Real projectou um templo cilíndrico, com 18 metros de diâmetro e capacidade para 500 lugares sentados. O tecto será preenchido por uma cúpula invertida onde está representada a localização dos astros durante omês de Maio (mês de Maria).
O exterior da igreja será forrado com azulejos brancos do mestre Querubim Lapa. "Tem todos os elementos contemplados pelas igrejas antigas", sublinhou o arquitecto, explicando que a orientação do templo será Nascente-Poente. A igreja será decorada com esculturas de Francisco Simões. Nas traseiras do edifício principal, será construído um claustro com formato clássico, "onde se desenvolverá toda a vida paroquial e social da igreja". Aqui ficará sediada a residência paroquial e a casa mortuária. O complexo deveria contar ainda com um parque de estacionamento subterrâneo, com capacidade para 90 lugares mas dado o dito por não dito mais uma vez o Município veio agravar ainda mais o problema do estacionamento na localidade. A obra ficará concluída com a criação de um pequeno auditório que se ergue sob um espelho de água.



Críticas a uma igreja de 3,1 milhões

A nova igreja de Miraflores terá um investimento de 3,1 milhões de euros, assinada pelo arquitecto Troufa Real, Depois da polémica em torno da igreja do Restelo, em Lisboa, uma obra da autoria do mesmo arquitecto que previa a construção de uma caravela dourada e uma torre de 95 metros, o que foi apelidado por muitos como uma "aberração", está a nascer, em Miraflores, uma igreja com uma torre sineira de cinco andares e que lembra a alguns moradores da zona uma "torre de controlo" ou mesmo até "um supositório".

A Igreja da Santíssima Trindade, que ocupa quase 2,200 hectares, ou seja, mais de dois campos de futebol , é constituída por um "grande cilindro" e terá uma torre sineira da altura de cinco andares, uma cúpula invertida para "permitir a entrada da luz natural" e "evocar as novas referências cósmicas e o infinito como horizonte do Homem" e uma nave com 450 metros quadrados, segundo o projecto a que a agência Lusa teve acesso.
A estrutura em betão da igreja, já concluída, levanta já algumas críticas dos moradores. "O problema é o tamanho. As pessoas passam aqui e ficam surpreendidas quando vêem que é uma igreja. Podiam ter feito uma coisa mais simples, por metade do dinheiro", disse Fernando Cruz, de 70 anos. "Não sei se parece um foguetão ou uma torre de controlo", comentou.

Outro morador de Miraflores, Gonçalo Ferreira, com 42 anos, foi mais longe: "Esteticamente acho horrível. Mais parece um supositório", afirmou. No entanto, há também quem espere para ver o resultado final da obra: "É dos nossos hábitos criticarmos aquilo que sai do normal, que é inovador. Ainda não vi a obra acabada, pode ser que fique bonita", disse Alberto Ferreira, de 60 anos.

"Vai ficar um pandemónio"

O projecto inicial, que data de 2001, tinha como exigência da Câmara de Oeiras a construção de um parque de estacionamento, com 60 lugares, debaixo da igreja. Três anos depois, esse pedido foi retirado com a justificação da proximidade do estacionamento gratuito do Centro Comercial Dolce Vita Miraflores, ao lado da igreja. "O estacionamento do Centro está muitas vezes cheio, estou para ver as questões do trânsito. Isto vai ficar um pandemónio", disse outro morador.

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, explicou à Lusa que a decisão de escolher o arquitecto Troufa Real foi "conjunta" entre a Paróquia e a autarquia e que o arquitecto foi pago, não querendo avançar nem o montante, nem o motivo da escolha do arquitecto para a obra.

Também Daniel Henriques, da Fábrica Paroquial da Igreja de Algés, não quis prestar mais esclarecimentos à Lusa.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais...ent_id=1576864



























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