domingo, 18 de novembro de 2012

A Capela de São Sebastião de Barcarena





Nota Histórico-Artistica

A Capela de São Sebastião ergue-se na periferia da povoação de Barcarena, de acordo com a localização habitual das capelas da mesma invocação, dedicadas ao padroeiro dos doentes infecciosos. Porém, a sua presença recorda sobretudo a devoção dos Artilheiros ao santo mártir, conhecendo-se o papel das importantes fábricas da pólvora que existiram em Barcarena, tendo aquela que chegou aos nossos dias sido fundada durante o reinado de D. Manuel, na mesma época em que se começaram igualmente a fabricar armas nas Ferrarias d'el-Rei. Também a capela terá sido fundada no século XVI, em data incerta, mas anterior a 1599, ano inscrito num lápide sepulcral ainda conservada no pavimento. Será este, de resto, o único vestígio do edifício primitivo, já que o templo actual resulta de uma reconstrução de finais do século XVIII.
Destaca-se antes de mais a interessante volumetria da capela, composta por vários volumes articulados e escalonados, com alternância entre corpos de planta quadrangular e circular, realçados pelos rebocos pintados de branco. A nave longitudinal está adossada a uma rotunda mais elevada, que assume internamente a função de cruzeiro; este espaço centralizado abre-se a Oeste para um terceiro corpo longitudinal, onde funciona a sacristia, e a Norte para a última estrutura do conjunto, uma abside de planta semicircular. A fachada, com cunhais apilastrados encimados por fogaréus, remata em empena triangular, sob a qual se rasga o portal em verga recta. O templo é acessível através de um lanço de escada murado, disposto perpendicularmente ao alçado. A rotunda do cruzeiro é iluminada por uma janela rasgada acima da nave, e por um lanternim, que remata o telhado e a abóbada do interior.
Embora a leitura dos volumes exteriores seja dinamizada pela alternância de volumes e plantas, a vivência do interior torna-se, pela mesma razão, algo confusa. O corpo intermédio liga-se à nave através de um portal de verga recta, à abside por meio de um arco triunfal em cantaria, e à sacristia por uma porta singela; é rematado por cúpula de caixotões com lanternim. A capela-mor semicircular, mais elevada, é coberta por abóbada em concha. Como recheio, merecem destaque o púlpito e a pia de cantaria, ainda do século XVI, os silhares de azulejos de finais do século XVIII e do século XIX, e o retábulo de madeira pintada e dourada da capela-mor, que alberga escultura de São Sebastião em madeira estofada.
A capela foi, como fica evidente, muito intervencionada ao longo do tempo. Embora não haja informação sobre o edifício original, o corpo circular mais elevado, que constitui a primeira referência visual do conjunto, fez com que se quisesse ver na génese do monumento um moinho de vento. Da mesma forma, e dada a singularidade da planta, podemo-nos interrogar em que medida esta será construção nova, ou resultará do aproveitamento de uma estrutura anterior, assim ampliada. Seja como for, no interior conservaram-se os únicos vestígios visíveis do seu passado, nomeadamente a já referida laje quinhentista, e o púlpito e pia, anteriores à reedificação setecentista em cerca de um século.
A última intervenção ocorreu nos nossos dias, entre 1999 e 2001, quando a Câmara Municipal de Oeiras procedeu à recuperação total do templo, então extremamente degradado.






Protecção
Situação Actual . Classificado
Categoria de Protecção : Classificado como MIP - Monumento de Interesse Público

Cronologia :
-Portaria n.º 436/2012, DR, 2.ª série, n.º 179, de 14-09-2012
Procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232, de 5-12-2011
-Anúncio n.º 17383/2011, DR, 2.ª série, n.º 225, de 23-11-2011
Procedimento prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252, de 30 de Dezembro (ver Despacho)
-Parecer favorável de 12-11-2008 do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P.
-Proposta de 13-05-2008 da DRCLVT para a classificação como IIP
-Despacho de abertura de 30-05-2007 da Subdirectora do IGESPAR, I.P.
-Proposta de abertura de 28-05-2007 da DRLisboa
-ZEP Portaria n.º 436/2012, DR, 2.ª série, n.º 179, de 14-09-2012
-Anúncio n.º 17383/2011, DR, 2.ª série, n.º 225, de 23-11-2011
Parecer favorável de 12-11-2008 do Concelho Consultivo do IGESPAR, I.P.
-Proposta de 13-05-2008 da DRCLVT

fonte IGESPAR