terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Água de São Marçal




 Na primeira metade do séc. XX instalou-se na Quinta do Salles ou dos Cónegos em Outurela uma pequena indústria de engarrafamento de águas, que se tornou famosa na região de Lisboa pelas suas qualidades medicinais, a Empresa das Águas de São Marçal, cuja concessão lhe foi atribuída a 28 e Agosto de 1926. A empresa aproveitava a nascente que ainda existe no local para captar a água que, posteriormente, era engarrafada em diversas embalagens de ¼ de litro, cinco litros e dez litros. Em 1940, a exploração chegou a atingir os 193.000 litros engarrafados e comercializados.





Identificação da nascente - São Marçal

Outurela, Estrada de S.Marçal, na zona Oeste dos grandes armazéns de Alfragide, mas já no concelho de Oeiras.
Oeiras União das Freguesias de Carnaxide e Queijas

Bicarbonatada Cálcica e Magnesiana (Contreiras, 1951)

Indicações - Dispepsias, gastro-enterites, fígado e rins (Contreiras, 1951). Usada como água de mesa.

1926 – Alvará de Concessão, publicado DG, nº220, 2ª série, de 18/9/1926

1923 anuncio Agua de São Marçal


Historial

No relatório de reconhecimento de Segurado (1926) é feita a seguinte descrição: “a água brota das paredes, ao fundo de uma galeria de 94m, aberta no basalto, donde segue para um tanque de alvenaria hidráulica e daí, em tubo de grés, para um reservatório junto às instalações de engarrafamento." (cit. Acciaiuoli, 1944,IV-252) 
No Anuário (1963) informa que esta água era vendida em garrafas e garrafões natural ou gaseificada e servia ainda na preparação de refrigerantes.

Bicarbonatada Cálcica e Magnesiana (Contreiras, 1951)

Garrafa de 1/4 Lt de Água de São Marçal


Bibliografia
Acciaiuoli: 1936; 1937; 1940; 1941; 1942; 1944; 1947;1948a;  1948b; 1949-50; 1953.Calado 1995, Contreiras 1937, Contreiras 1951, Lepierre 1919, Lepierre 1924, Segurado 1926, Águas minerais do continente e Ilha de S.Miguel. 1940, Anuário Médico-hidrológico de Portugal 1963, Le Portugal hidrologique e Climatique 1930-42.




A Quinta do Salles ou dos Cónegos



«Outorella - Logar ao nascente de Carnaxide 1,5 kilometres. Perto é a quinta antigamente dos Conegos e depois do Salles e que tendo pertencido ao valente brigadeiro Lobo antes coronel do segundo de caçadores pertence hoje ao sr João Baptista Monteiro ao qual pertence tambem a quinta da Fabrica.»

In "Os primeiros trabalhos litterarios", Padre Francisco da Silva Figueira 1865


 O conjunto de imóveis contem pormenores arquitectónicos muito antigos, que remontam pelo menos ao séc. XVIII, quando se instalou ali um pequeno convento, era conhecida pela quinta dos Cónegos por ser habitada por frades daquela ordem (1), embora a quinta já existisse anteriormente.
 Com a extinção das ordens religiosas em 1834, a quinta foi vendida e transformada em exploração agrícola particular e residência da família Salles. No início do séc. XX, instalou-se no local a pequena indústria de engarrafamento de águas mas também uns anos depois uma fábrica de pirolitos (2), passando nessa altura a ser conhecida pela quinta de São Marçal.
 A quinta pertenceu depois ao brigadeiro Lopo e ao sr. João Baptista Monteiro. Actualmente, da antiga propriedade subsistem alguns edifícios, poços e o curioso sistema de rega. Adquirida pela Câmara Municipal de Oeiras, é hoje um centro de empresas gerido pela Fundação Marquês de Pombal e um parque público


(1) Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho
(2) Bebida açucarada e gaseificada, que continha um berlinde junto ao gargalo











Sem comentários:

Enviar um comentário