terça-feira, 10 de abril de 2012

Arqueólogos subaquáticos encontram vestígios de naufrágios Fronteira entre Cascais e Oeiras



Vestígios de naufrágios internacionais e não só. Do Cabo da Roca a São Julião da Barra, de Cascais a Oeiras, há segredos guardados no fundo do mar ou do Tejo. É este o objecto de trabalho de investigadores e mergulhadores que passaram meio ano a fazer um levantamento sub-aquático. É o princípio da carta arqueológica subquática de Cascais e estão identificados vestígios de que serão de vários os barcos naufragados desde o século XVI. Há pelo menos um de origem grega, dois brasileiros e vários de outros países


Um mar repleto de histórias e… naufrágios


“Portugal possui um dos maiores patrimónios náuticos e arqueológicos subaquáticos a nível mundial, um legado de grande importância e com enorme potencial de estudo.” A sinopse do livro “Pesca de Naufrágios”, de João Pedro Vaz, é esclarecedora. A extensa costa nacional carrega uma imensidão de história nas profundezas do mar.. Foram muitos os barcos e as vidas que se perderam nas águas portuguesas.



O primeiro registo de naufrágios no país data de 966. Segundo relatos históricos, uma frota viking de 28 navios que atacava a então chamada Ribeira de Silves foi afundada por galés muçulmanas andaluzes. Um indício daquele naufrágio foi obtido em 1970, durante a dragagem do porto comercial de Portimão – dois navios naufragados foram descobertos na foz do Rio Arade, um dos quais presumivelmente viking por possuir um casco de tabuado trincado. Outro naufrágio de que há memória data de 1337. O desprezo que o rei Afonso XI de Castela tinha pela mulher, a infanta D. Maria, filha do rei D. Afonso IV de Portugal, levou este a entrar em guerra com Castela. A frota portuguesa largou de Lisboa com 20 galés com o objectivo de assolar as costas da Andaluzia. Na mesma altura saiu de Sevilha a frota castelhana, com 30 galés. O encontro deu-se um pouco a norte do cabo de São Vicente, tendo os castelhanos saído a ganhar.

A partir do século XV, na Era dos Descobrimentos, os europeus, sobretudo os portugueses e os espanhóis, aventuraram-se sem receio nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. Os relatos de naufrágios aumentam a olhos vistos…

Nau Nossa Senhora dos Mártires, em 1606. Partiu de Lisboa com destino a Goa em Março de 1605. No regresso chegou à barra do Tejo carregada de pimenta. Apanhada por um temporal, acabou por naufragar junto ao Forte de São Julião da Barra. Em 1997 começou a intervenção arqueológica subaquática na barra do Tejo, constatando-se a boa preservação de uma parte da carga, nomeadamente uma grande quantidade de grãos de pimenta. O espólio deu o mote ao Pavilhão de Portugal durante a Expo 98, tendo sido exposto e publicado em catálogo.




Nau Nossa Senhora da Conceição, em 1621. Vinha repleta de mercadorias da Índia mas, algures entre o Cabo da Roca e Peniche, foi tomada de assalto por 17 navios de piratas argelinos e afundou-se após ser bombardeada. O local do afundamento continua a ser um mistério, tendo até agora sido recuperado somente um canhão de bronze, encontrado perto da Ericeira.

Nau Santa Catarina de Ribamar, em 1635. Partiu de Goa em Março de 1635 e naufragou na madrugada do dia 2 de Novembro perto do Cabo da Roca. Reza a lenda que existia no século XVIII uma senhora que sabia onde ir buscar moedas de ouro numa praia da zona.


Arqueólogos subaquáticos encontram vestígios de naufrágios
Fronteira entre Cascais e Oeiras 'esconde' informação histórica
Março 2012



Vestígios podem pertencer a embarcações do século XVIII (Foto: Câmara Municipal de Cascais)Um grupo arqueólogos encontrou vestígios de naufrágios que poderão pertencer a embarcações do século XVIII no fundo do mar ao largo de São Julião da Barra, localizado na fronteira entre Cascais e Oeiras.

O mistério do fundo do mar entre a Guia (Cascais) e São Julião da Barra (Oeiras) começou já a ser desvendado por um grupo de especialistas que, desde há cerca de um ano, se dedica à arqueologia subaquática.

Suspeitando de que este sítio à entrada do Tejo é um arquivo escondido de informação histórica, António Fialho, do departamento de Património e Museus Municipais da Câmara Municipal de Cascais, José Bettencourt e Jorge Freire, do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova, iniciaram uma campanha para recolher todo o tipo de informação histórica.

“Havia evidências significativas e portanto decidimos explorar e confirmámos que há um potencial enorme ainda a explorar”, afirmou à Agência Lusa o coordenador científico da campanha, José Bettencourt, à margem da apresentação dos primeiros resultados do projecto que ontem se realizou no Museu do Mar, em Cascais.

Terminados os primeiros cinco meses de investigação, já foram recuperados vários materiais, entre os quais“uns que poderão estar relacionados com barcos naufragados do século XVIII”, adianta o responsável.

Além disso, a equipa de seis mergulhadores conseguiu apurar cerca de 30 vestígios de naufrágios e mais de uma centena de 'cachopos'.

O objectivo da investigação, intitulada de ‘Carta Arqueológica Subaquática’, é fazer o levantamento “gráfico, fotográfico e georreferenciado de pormenor dos vestígios visíveis mais relevantes”.

Os especialistas, que já contam com cerca de 60 mergulhos, prometem continuar a investigação e explorar outros pontos ainda desconhecidos que indicam outras possíveis revelações históricas.

retirado de artigo do sitio http://www.cienciahoje.pt/



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